Na Janela

Sabe, eu quero aquela coisa,

Descaradamente bela!

Quero prosas e trovas,

poesia sincera!

Quero o lirismo escancarado

sem escândalos vampirescos.

Quero um novo chamado

de versos tão Dantescos.

Ou grotescos?

Quero o novo,

o sádico,

o profundo e o simplório.

Recomeço, pálido,

quero o mundo num velório.

No enterro das mentiras,

das palavras superficiais.

Quero tudo, ou apenas nada,

ou quero até demais!

Não sei bem o que me incita,

mas é coisa que tanto quero,

apenas sei da poesia não dita

que aflora num mistério.

Velejei no alto mar da solidão.

Não volto mais,

pois o porto é o meu cais,

minha eterna ilusão.

Daquelas coisas tão ilusórias.

Não sei bem do que escrevi.

Só sei que escancaro as minhas glórias

Em versos mornos, que nunca vi.

E há glórias de verdade?

Isso ninguém saberá!

Mas como estes versos são descarados

A verdade vou contar:

Não sei a quantas anda minha vida,

mas, acreditem, não ando tão perdida.

Só sei daquela coisa,

que tanto quero:

Versos simples,

profundos,

poesia, sim, é o que eu espero!

E o meu compor não se acaba

recomeça em toda manhã:

Nasce o sol, brotam as flores,

cai a folha mais ansiã.

E eu ali, tão serena

espiando na janela,

querendo, tão ingênua,

pintar uma vida mais bela.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 13/06/2010
Código do texto: T2317650
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