Entoam pela manhã
um grande turbilhão
de sons matinais.
Invadem-me a preguiça
como socar de pilão.
São os barulhos
de pássaros nos quintais.

Toda minha juventude
de modo denso,
revoa numa
máquina de tempo.
São descomunais e sutis
as lembranças
que me trazem num vento
o som de pássaros nos quintais.

O sol que descortina
íntimas vergonhas
clareia a varanda
com luzes angelicais.
Sempre a desvendar
segredos de insônia,
como o tilintar
de pássaros nos quintais.

É verão, é luz
toda rutilância
que inquietude produz,
são cruéis discrepâncias
as quais entristece saber
que não voltarei mais
à minha infância,
como todos os dias
invadem a minha esperança
o tremor de pássaros nos quintais.

E se me foge a hora
coragem para enfrentar a morte,
não importa!
Tenho a boa sorte
de ouvir sonora
As músicas orquestrais
que me cantam os pássaros,
os meus pássaros.
Pássaros nos quintais.