Sob a arquitetura
do mundo,
amanheço todos os passados
que não foram meus.
No piso das calçadas,
os mortos.
Ah! os mortos...
teimam em reviver
como os prédios antigos.

Dou azo as minhas emoções,
e num tapete rubro
meus olhos
incendeiam o futuro.
Não vejo alegrias
ao fim da estrada,
nem escuto o murmúrio
nas esquinas das capelas.
Somente o riso cínico
me foge, colorindo
a inquietação.
Apesar da lembrança
de um par de olhos
amendoados.

Há um purgatório
infernal de hesitações
que rompe a pústula
de prazeres profundos
enquanto o espírito ainda vibra
neste corpo amaldiçoado...

Como vibra a existência
e voam-se os dias
deixando escapulir pelos dedos,
Deus... E a própria vida.