Azuláveis intentos
 
Eu te inventei para mim
E foi um sonho tão perfeito
Feito uma escultura de algodão
Algodão de nuvens azuláveis
E era doce feito algodão doce
Tentei preservar meu invento
Mas quando fui olhá-lo mais de perto
Tocá-lo com minhas mãos
Segurei suavemente o vazio
Vi que nada havia além de fumaça
Uma fumaça muito tênue
Não sei se posso reinventá-lo
Não sei se quero refazer esculturas
Obras assim a gente só faz uma
Nunca seria capaz de repetir a perfeição
Mesmo que a perfeição de uma escultura
Feita de algodão de nuvens azuláveis
Não seja da perfeição que se imagina
Nem imperfeitamente refaria aquele você
Aquele você que desapareceu no ar
Não deixou restos nem rastros
Apenas um levíssimo aroma que somente eu
Somente minhas entranhas reconhecem
Como sendo você, minha nuvem doce de algodão
Talvez por ora seja tudo o que me baste