BRUMAS E SONHOS

Envolta em névoa espessa,

esconde-se uma montanha,

de verde pálido, do frio

na agonia final do outono.

Coberta de bruma, qual manta

cruel e contraditoriamente,

como barreira cinzenta

para impedir o gélido ar,

que ao cerne quer adentrar.

Queria ter asas de penas,

coladas com cera de abelhas,

como Dédalo deu a Ícaro.

Queria planar sobre a névoa,

soprar-lhe um hálito quente,

dispersar-lhe, artimanhas

para que raios de sol beijem

intensa e calorosamente,

superfície e entranhas.

Minhas asas coladas com cera

derreteriam ao calor do sol

e eu quedaria contente

na alfombra verdejante,

sem imitar passarinho,

com minh’alma de gente,

que faz poesia dos sonhos

e nela feliz me aninho.

Celêdian Assis
Enviado por Celêdian Assis em 14/06/2011
Código do texto: T3034007
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