Sete mares

Caminho pelo imaginário descansar,

No permanente desfazer de tristezas.

Despenco das alturas das lembranças,

E como pluma sobrevôo os sete mares.

No primeiro me despeço das saudades,

Tormentos das minhas esperanças passadas.

Passo a ter mais brilho como novo reflexo,

Dos mesmos cristais que se quebraram.

Segundo mar é lugar de abastecer de brisas,

Imperfeito nas ondulações das suas águas,

Monótonas e enganosas, aguarda suas vítimas,

Perdidas pelo entardecer, devoradas pelo luar.

Este mar foi nosso, o terceiro, lembra?

Onde naufragamos em tantos enganos.

Perdemos nossos anéis, nosso caminhar,

Tesouro perdido no fundo dos nossos desejos.

O quarto é segredo de aparência mística,

Trancado a sete chaves, por Netuno e Luara.

Ali, cavalgam as belas Ondinas em seus golfinhos,

Fazendo os corpos se moverem livres em seus desejos.

E marcado de sangue a cada mês da fêmea,

Cenário de guerra é o quinto mar,

Onde apenas o mais rápido de algum exército,

Ainda pode trazer ao mundo uma esperança de paz.

Escondido sob espinhos, pétalas e perfumes,

O sexto mar não é nenhum mar de rosas,

São inconstantes suas ondas e marés,

Mistério que só as fases da lua determinam.

No silêncio de suas antigas histórias,

Enigmático na sem vida de suas águas,

Revela o sétimo mar, toda a dor da minha saudade,

Nos manuscritos de um amar morto.

Jaak Bosmans 16-7-2011