A MULHER DO MAR

Trôpega falava de sua infância

Trafegava nas palavras curtas

Atalhava os caminhos retos

E assim beirava a sua loucura

Sua estrutura era o sal do mar

Uma nomenclatura que usava

Dizia que o amor era o que se desenhava

Por baixo do cobertor é que ela sonhava

Sexi e atrevida rugas leves talhavam sua suave tez

Quando sorria o que pouco fazia

Havia um certo charme em seu nariz quando franzia os olhos

Não sabia o que era a dor da perda...

Consumia carnes em volúpias e era consumada

Inflamava a pele morena pelo sol e se condenava

Viciara-se no sexo

Não tinha identidade sua digital

Era manufatura de suas hábeis mãos

Prostituíra-se então e assumia sua confissão

Que nada mais sentia pela vida além de “tezão”

Nunca entendi aquela mulher...

Dizia que a vida era uma abertura constante

Tudo se abre e tudo se fecha

E era o que mais sabia fazer

Dizia que a sua concha

Era como ás águas túrgida do mar

Sempre o espetáculo começava na cheia

Volta e meia o mar entrava na ressaca

Entrava e saia convulso de sua concha

Seus olhos eram densos e negros

Olhava para o céu estrelado

E murmurava dizendo que as do mar perdem o brilho...

Até que um dia

Um poeta meio que à surdina

Roubara sua concha mágica

E a transformara em colcha de amor

Em cujo mar ele a bordara de borbulhas

Todas as noites com sua preamar

Chegava ao seu ápice de tanta amar

Ela já cansara de tanto

Perpetuar a espécie quando a praia

Voltei não mais estava a mulher encantada

Ribeirinhos e pescadores diziam

Que ela aparecia e sumia como as ondas do mar

Que resolvera enfim se deixar levar

Entrara no mar e nunca mais a viram por lá

Nunca entendi aquela mulher...

Seu nome era sonoro e agora remoto

Dizia que se chamara Yara e que o mar era seu ninho

Quem sabe se transformara numa estrela do mar

Levado pelo cavalo marinho

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 28/11/2011
Código do texto: T3361974
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