Angústia da finitude

Ah, quem me dera olvidar

A angústia da finitude!

E, assim, não me atormentar

Com o temor da decrepitude!

Como sujeito percipiente,

Viver a experiência sensível,

Mas, com um olhar percuciente,

Ver muito além do visível.

Que dizer do simples vácuo filosófico

Que separa a ação da omissão,

Não raro tão catastrófico,

Na humana contradição?

Que é a vida? Que é o amor? Que é a morte?

Ah, indagações que me assolam a mente!

Que é o homem? E a mulher, sua consorte?

Sei lá!... Que ser mais contradizente!

Posso, de novo, evocar Camões?

“Calar-me-ei somente,”

– disse ele, por certo, a amargar desilusões –

“que meu mal nem ouvir se me consente.”