NO INSTANTE DOS AMANTES

Ao amor não cabe interpretações

Nem indagações mas as transições...

O que não é nosso não nos pertence de fato

Mas nunca saberemos de direito

O que nos pertence na hora do ato

Só o nada é mais definitivo que a vida

Por isso abusemos dela no sentido transitivo

E sem moderações sem se ater a trilhos

Não há maior empecilho

Do que aquele espartilho

Que sufoca o corpo do prazer

E da liberdade de opinião e expressão

E isso equivale viver ao máximo

Vamos nos sentar nas têmporas manhãs

Uma mesa na beira da praia

Uma imaginação temporã

Brindaremos com Shakespeare

Ser ou não ser o que penso que

Sou e não sou é o que de mim em ti restou

Um gole de um bom vinho bourdouex

Pra bordar os lábios de avelã

Não mediremos as forças em gotas

Iremos suavemente conversar

Versar voando nas asas profundas da gaivota

Que afunda no mar a nau da poesia que vaga

Sentaremos no vento do pensamento

Na brisa do contentamento quem se importa

Trazendo as lacustres palavras do sentimento

Deixaremos as cruzes de lado

Sem fogo cruzado sé desejando o beijo molhado

Como as verdes folhas das hortelãs

Bordados no frescor do halito

Em que habito e então não terei vivido em vão

Com os pés atolados nas areias do chão

Por mais que os castelos se desmanchem

Moramos por um momento dentro deles

Como uma só pegada que se fazem

Eternamente dois seres se eternizaram

No cais do porto dos amantes

Que á água levou e no mar se frisaram...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 10/05/2012
Código do texto: T3661164