SILÊNCIO



Silêncio!
Estou a meditar
Longe está meu pensamento
Penso na criança que faz feliz um lar
Estou onde se deu meu nascimento

Eu, o útero, a gestação
Vejo-me buscando a luz
Escuto meu grito
Não sei se de renúncia
Anunciação
Ou prevendo o peso da cruz

Silêncio!
Conheci o mundo do pecado
No útero fui feliz
No meu refúgio de amor
Do qual fui mutilado
Pra lutar pela vida vis-à-vis

Vejo-me inocente, acinético
Acostumando-me a respirar poluição
Meu sorriso é puro, quase patético
Minha mãe, indiferente a meu drama,
É toda ternura e emoção.

Uma palmada me desperta para a vida
Sinto o sangue acionar meu coração
O parto me jogou nos braços de outra sina
Fecundar sonhos pelas ruas da nação

Um sorriso me trás à realidade
É meu rebento que me olha admirado
Sou um adulto, fui criança, que saudade
Do colo quente de onde fui retirado.
Gilnei Poeta
Enviado por Gilnei Poeta em 14/03/2007
Código do texto: T412794
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