Guarda-Roupa

Não guardo nada para os olhos da carne
Nem a carne que persigo tem olhos
Sei que há olhos pela carne
E carne de olhos medonhos

Não guardo nada
Às vezes guardo e estraga rapidamente
Guardo dentro do plástico bolha
A fantasia da maçã abobalhada ardente

Não guardo exponho
Quem quer guardar o amanhã que guarde
Não guardo meu sonho na gaveta
Porque não cabe na bagunça que arde

Não guardo o que deveria guardar
Exponho o meu nada na vitrine itinerante do meu corpo
Não guardo e guardo diante da traça
O assento número nove do meu triste rosto

Não guardo não devo guardar
Oxida e fica ruim de beber
O suco verde às quatro da manhã
Na segunda residência feita de aço

Não guardo porque não consigo
A tempestade metamorfoseando chuva
Não guardo o amanhecer sorridente
Nem a segunda metade do meu silêncio

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( ... Imagem Google ... )
Moisés Cklein
Enviado por Moisés Cklein em 25/02/2013
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T4158275
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