Excessividades

Sou excessos, não me venha com essas palavras

De "moderação, autocontrole, refreamento",

Sou as excessividades de mim mesmo.

Não me coloque nas rédeas, sou incontrolável;

Não me atirem moralismos: sou antimoralista;

Não me vistam paletós e nem gravatas, sou antissocial com muito orgulho;

Sou todas as balas e todos os alvos que caem mortos ao chão;

Sou todas as seringas e narcóticos livres da dor e do prazer;

Não me venha com verdades e dogmas: sou cético até mesmo contra meu ceticismo;

Pare de falar sobre tabus, sobre limites sexuais, o universo é minha vulva;

Vou despencar em mim e sangrar palavras e mais palavras nas calçadas;

Vou me semear com infertilidades e colher ilusões em cada semblante;

Vou me quebrar contra as paredes, e criar arco-íris no muro;

Vou me queimar no holocausto silenciosamente, e sorri diante da morte;

Vou beber as angústias, crimes e pecados humanos, e vomitar em todas as vidas privadas e sociais;

Vou me perder em todos os mares, e encontrar e abraçar o meu Deus na escuridão cega da existência.

Afirmas haver sabedorias e conhecimento? Não me faça ri: olha para teu ser, e aprendas a zombar do que pensas saber e do que imaginas existir!!

Sou excessos de ler, e pouco me compreendo graças a Deus;

Sou excessos de amar, e de em nada me prender;

Sou excessos de ver, e ainda assim eu quero olhar mais,

Eu quero ter mais retinas para testemunhar o nascer de cada molécula,

de cada delito, de cada gesto fraterno, de cada olhar ocultando mentiras, de cada atrocidade que cada um pensa ao estar a sós consigo próprio, e principalmente quero ter a mim mesmo sem cárceres algum;

Não segure em minha mão, quero me afundar sozinho em meu caminho irreal;

Não me ensine nada, sou o meu próprio discípulo e Rabi;

Eu quero possuir mais sensações, e não ser possuído por nada;

Eu quero vislumbrar todas as mortes e ressurreições dentro do meu próprio sarcófago inlocalizável, e bradar perante o Olimpo:

_ Não encontrei nenhum corpo, nenhuma alma, nada está vivo!!!

Eu quero pensar mais, eu quero parir mais emoções dentro de minha alma;

Não discurses sobre iluminismos e religiões dentro de minha auto-ilha:

Eu crio minha própria Luz, eu gero e respiro minha dúbia escuridão,

Eu venero minhas ausências de idolatrias e de paganismos e de filosofias;

Sou uma sede insaciável, sou uma gota incomensurável, sou uma piada indecifrável;

Eu quero me explodir e ver meu sangue sendo o sacramento

a batizar as incongruências da vida;

Sobre o amor, o A-M-O-R?! Prefiro Viver bem aqui, e ali dormir um pouco.

Sou o descontrole caótico de todas as harmoniosas desarmonias.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 24/08/2013
Reeditado em 24/08/2013
Código do texto: T4449199
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