O MARINHEIRO E O TUBARÃO
Vai, lança-te ao mar, velho marinheiro!
Enfrente as feras,
Mate as bestas,
Estrangule os demônios.
Pois o mar é teu
E o que resta é você.
Vai, lança-te ao mar, velho marinheiro!
Surpreenda o tubarão que te espreita
E toma-o aos braços.
Olhe no fundo dos seus olhos,
Para que ele saiba quem o matou,
Para que ele saiba por que morreu.
Não se sinta culpado por não amá-lo.
Apenas mate-o com respeito,
Como se isso fosse
A coisa mais Importante
De ambas as vidas
E de ambas as mortes.
Vai, lança-te ao mar, velho marinheiro!
Esquece a felicidade.
Apenas de umas boas gargalhadas
Com seus poucos dentes
Nesse meio de muita água.
Vai, velho marinheiro!
Engole o mundo com teu grito,
Com teu riso.
Ninguém vai ouvir.