C a n t a r e s

["Meu olho ferido não dorme jamais"]

R'abbia Adawiyya, s.VII d.C.

Moro no crepitar de cristais vermelhos,

no aconchego dos olhares feridos,

onde dormências despertam plenas

de ânsias de amorosos amplexos:

Minhas coleções de derrotas foram entregues,

meus sucessos fugazes comemorados,

meu banimento perdido, esquecido...

Misericórdia e Justiça

- árvores vivas da mesma raiz -

indicaram-me no umbral flamígero

a unicidade paradisíaca sussurada

em letras-voz por trovões guardadas:

UM é o abismo interior,

UM é o abismo exterior

(...Terrível é a Face de Deus...)

Infinitamente maior que nossas maiores

carências de amores-maiores-completos,

Esperança e Temor ao longo do

caminho desafiam-me em seus complementos:

Terrível Amor de Deus,

Presente-Oculto na Expulsão;

Terrível Compaixão de Deus,

Oculto-Presente na Redenção -

A lágrima mais pura

jamais foi derramada...