silêncio
Distantes um do outro,
sabiam de si mas não queriam saber.
Sabiam do amor, mas não queriam amar.
Sabiam dizer, mas não queriam falar.
Dizia um poeta que o silêncio fala mais que mil palavras,
e naquela eternidade
eles nunca fizeram menção de quebrá-lo.
Um muro, um oceano.
Silêncio.
Os olhos que já não se vêem,
as mãos que já não se tocam,
os braços que já não se abraçam
e os peitos descompassados por falta de passos não dados.
E o oceano,
e as ondas revoltas,
as rochas,
as ondas quebrando.
Metafisicamente unidos,
corpos envolvidos por uma mágica desdizente,
no silêncio do leito do mar.
Na noite escura e fria,
sentiu pela primeira vez o que era o amor verdadeiro.
Sorriu,
sentiu,
deixou.
De longe,
bem de longe,
sentiu o suspiro a tocar-lhe o pescoço,
e a certeza do amor silencioso.
E então deitou.
E dormiu.
E sonhou.
Mais uma estrela cadente no céu.