EU NA ATMOSFERA

Imitando Ícaro

A alcei vôo em busca do amor

Muni-me de asas de vento

Transmutei-me em ar em movimento

Galguei o Everest...

As promessas que fizeste

Empederniram-se em neve

O ar mais rarefeito

Transfigurou meu voar imperfeito

Uma leveza apoderou-se do meu ser

Evaporei...Levitei...

A Troposfera ficou para trás

Ventos, raios, temporais...

E eu à caça de meus ais!

Amor envolto em evanescentes aventais

Tornei-me quase insustentável

Minhas moléculas dormitavam em estado gasoso

Sai de mim...

Eu não era mais eu...

Frio estranho, congelante...

Minha essência percorreu

Um avião a jato

À barreira do som rompeu...

Presenciei um pandemônio

Vislumbrei um orifício maior

Na camada de ozônio

Chorei...

Que futuro eu terei?

Até onde ir?

Que searas eu busco?

Em meus anseios

Aspirei ver o amor nascer...

A estratosfera, eu venci...

A Ionosfera, eu rompi...

Ao Espaço cósmico cheguei

Com o amor não me deparei

Voltei!

Descobri em fim...

Que o amor nasce

Dentro de mim!