ÂNFORAS DOS SONHOS
 
Desperta anáfora na mente em pertinaz fremir.
Consonante descerram-se as ânforas dos sonhos.
Alva a consciência em penumbra busca de remir.
Diáfano desejo na renitência que sangra os olhos.
 
Na congruente incoerência, guardo em mim um eu que não é meu, dos versos sem rima e das rimas sem nexo, dizendo o que não sei, em pensamentos que não vivo, são sentimentos que desejaria tê-los vivido, ao menos por um dia.
Expressão irreal de caminhos que não se trilha, na remota capacidade de elevar-se a alturas além do alcance das sublimes fantasias, onde poderia encontrar talvez escondido no que escrevo o que de fato é meu, distante destas linhas perdidas e fora de sintonia, que nada mais são do que versos que soam com dor e sem poesia.

E novamente poder dizer aquilo que eu sinto, em frases simples que surgem naturalmente como o respirar, mesmo em sibilo sussurrar, e assim conquistar seu mais puro sorriso, pois é nele que reside toda a felicidade de que preciso.
E enfim as ânforas que a muito foram lacradas, finalmente serão abertas, onde nelas como vasos haverá a beleza da flor e quem sabe um pouco de amor, além do perfume doce da poesia, e somente então se revelarão também os sonhos, que sobreviveram regados pelas lágrimas dos meus olhos.