CONFLITO

O vento leva da minha boca os meus versos,

Transformando-os em gotas d'água.

Vai semeando por entre as estrelas.

Eles temem a luz.

As estrelas tornam-se ouvidos.

Os meus versos saíram da terra,

Inconformados com a cor cinzenta.

Os sonhos querem voar, ser luz,

Perpétua criação da alma.

Mas temem a rejeição dos deuses.

Querem ser rubis no pulso do universo.

São penas arrancadas da minha pele;

Asas cortadas e entrecortadas

Inúmeras vezes pelo vidro do meu espelho.

Existe um som vazando pelo telhado,

Saindo do meu corpo febril,

Implorando por liberdade, querem ser nuvens.

E se um anjo tiver boca, souber falar, gritar,

Esbravejar, amaldiçoar, salvar, ele terá um nome?

E se ele souber ler?

Serei eu um pobre miserável

Querendo encantar os anjos, pedindo

Misericórdia para a minha desgraça.

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 28/04/2015
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