Noturno para velhas mãos

Vejo a noite lá fora.

Não há lua, nem estrelas.

Minhas velhas mãos empurram o coração

pra frente, pra frente!

Escrevendo palavras que a noite não sente.

Minhas velhas mãos são raízes vivas,

falam como eu, dos minutos, das horas

de alegrias e mágoas.

São velhas amigas, intensas como os olhos

que muitas vezes se martirizam de águas.

Os pulsos patinam nas distâncias,

entre pedras, lamas e arbustos.

E ainda pulsam como os corações

dos que lutam pelos absurdos.

Absurdos do que por entre a dor se busca

o amor sem interesse, a ave augusta

que plaine pela noite sem luar e sem estrelas

no céu dos dois mundos:o da sabedoria

e o desta formiga que luta!