No dia de minha liberdade

deixarei minhas dores nos campos de lavanda

e meu coração à beira-mar

partirei em busca da memória dos pássaros

que sempre sabem para onde retornar

no alto da montanha onde o ar é rarefeito

soprarei antigos sonhos para vê-los flutuarem

em direção ao futuro que é a casa dos sonhos

seguirão como canções na inspiração de alguém

tão sutilmente abandonarei o barco naufragado

tão placidamente seguirei ao divisar a luz

o destino me levará de volta às galáxias

de onde partem todos os homens: nus

contemplarei ao longe o entardecer dos mundos

nos muros do tempo deixarei inscrições

no livro da vida escreverei todos os poemas

e estarei curada de todas as paixões

Helenice Priedols