O SONO DA CONSCIÊNCIA
Não! Desta vez não entrega!
Sonhos aéreos, apegos terrenos : nega!
Sombras de filosofia, alegrias contidas,
Tenho dito: logre tais epifanias.
Dispa o manto
Que cega mente,
Que de tanto desvairo deleta teus dotes.
Se aventure ao pico da consciência.
Lá em cima, longe, jaz isolada uma essência humana.
Suspirando em silêncio
Num leito lapidado em mármore.
Toque a leve com versos
Que a cada toque torne-a mais bela.
Se ela ouvisse, se revivesse, se possível fosse acordá-la
Do calmo sono desbotado.
Se ela sonhasse ideais ressuscitados
Em que a vida antes evaporada
Vertesse em chuvas de sonhos
Gotejados como pérolas de orvalho.
Imagine o sonho instantâneo
Da adormecida idealista sacrificada.
Enquanto delírios crescem e tentam abrir as pálpebras
Que repousam rijas,
Seus olhos miram
Paisagens invisíveis finas.
E sobre tudo o que não se fala
Só enigmas se anunciam
Pelas pálpebras inertes
Da essência adormecida.
.