Animal oculto
O meu interior está em turbulência
Há uma vontade imensa de eclodir
É uma mescla de ódio e desprezo
Desejo de sangue, morte, matar
É um ser perverso, vil, dissimulado
Que espreita a pobre presa friamente
Ouço o pulsar do seu tísico coração
É como uma cantiga de ninar, perene
Rio a ela docemente, afavelmente
Na mente há o premeditar do ato
Quero arrancar ás suas entranhas
Possuir seu corpo, seu espírito parco
Banhar-me no seu sangue viscoso
Carcomer seus ossos, branco, roto
Dar sua carne ao repasto dos cães
Voltar a minha rotina calmo, resoluto
Que em breve rastrearei meu alvo
E sevícias cruéis, torpe cometerei
Para saciar minha sanha, rude, maldita
Esta é a minha essência cruel, bruta
O paradoxo de minha dócil natureza.
09/04/2016