Em Louvor ao Poeta

Fecunda o poeta o mundo de beleza

Sua majestade esplende pelo vale

Pede a harmonia dos Djins que fale

A nobre linguagem nua da natureza.

Seu canto é o mel a suplantar a guerra,

De Marte empapado em sangue e destroços

Do homem cruel nos celerados esforços

Pego de horror que ao firmamento aterra.

Sua voz clara vence a sanha dos comércios

Onde o frenesi alvar do comercio escancara

A glauca prece de uma tulipa rara

E a roja em terra entre lascivos sócios.

Vence as lacunas ébrias das sensuais orgias

Sua palavra cara de lírico acalanto

Oh musas loucas das tesas aras frias

Por quem a virtude verte espesso pranto.

Ele proclama a multidão disforme

Uma talhada e errante melodia

Eco de Deus que mas graças pressagia

De escarcéu santo em báculo enorme.

Lavra ditoso o curso das constelações

O altivo poeta amante apaixonado,

Transmuta em templo de alto estado

O tredo rosal das triunfais canções.

Por isso eu canto tua saga errante

Nobre cultor da sacrossanta esfera

Na trompa altissona, no oboé fragrante

Plena alameda que em meu peito erra.