Consagração
Almejo ascender a estação serena
Das sublimes contemplações extasiadas
Ou talvez tornar-me em loucas madrugadas
Amante das amantes sem pudor e plena.
Enluarado o olhar, fecundo o voto
Dos estremecimentos primaveris de beijos
Sorver do amor os íntimos lampejos
Encontrar-me em carnagens de audaz gosto.
Ave arribada dos carnais temporais
Descansar em lírios dos sensuais flagelos,
Entreter a hora de sentimentos belos
Ou devotar-me ao joguetear dos carnavais
Ou pairar na paz das longas catedrais
Qual anjo enternecido dos paramos azuis
Desfeito em êxtase trans verberando luz
Dado ao pandemônio dos ecos celestiais
Porque pesa-nos a vida-vale de tolices
E somos breves como a vela ou o suspiro
Quero consagrar-me ao lúcido delírio
Do grande amor, além das vãs estultices.
O grande amor que é reto e é soberano
Onde nadam em ventura as almas bondosas
E são ternas e vastas as ordas venturosas
Do entretecido e vivaz transbordamento humano.