"O olho do furacão"
"O olho do furacão"
Nesta inquietação que me cerca, me vejo no olho, no olho do furacão.
Quando pensas que sou, eu já era
Quando pensas que estou, sou saudades
Quando imaginas que eu quero, nem posso ver
Quando achas que me encanto, sou desencanto, desapontamento, decepção
No fundo, no fundo eu sou raso, tão raso que umedeço os teus pés
Por vezes, tão inesperadamente profundo que posso te afogar
Afinal quem eu sou eu neste mundo?
Uma folha que o vento facilmente leva, ou um tronco tão forte que resiste ao mais intenso vendaval
Sou bem, sou bondade, sou mal, sou maldade
Sou um pouco do muito, o muito do pouco
A sobra do desperdício, a reserva da despensa
A consciência do ajuizado, a loucura do leviano
Sou dos meses o ano, das estações o parâmetro, inverno, primavera, verão, outono
Quando frio, o agasalho, quando calor o despir sem pudor
Sou o prazer, sou a dor
Sou a caneta que brinca no papel, que escreve poesia, que fala de amor
Sou o variável estado de humor, hades ou paraíso, inferno ou céu, mas pra quem me conhece de perto sou simplesmente Lael.