Divina Luz

Divina Luz, a nós descei,

como desce a chuva sobre as pedras,

sobre os lírios, sobre os pássaros.

Como correm as águas

sobre os caminhos para as montanhas

e para os abismos

que coabitam em nossas almas.

Descei,

sobre os rostos que imploram,

sobre as falas incompreensíveis,

sobre o pratos vazios,

sobre as angústias das mães,

sobre as calamidades do ego,

sobre as vergonhas do espírito.

Descei, ó Divina Luz,

como a mansidão das ovelhas nos campos,

como o suor que desce pelo rosto cansado

daquele que nem teve tempo de ver se houve sol.

Descei como o respiradouro do Amor

para que sobrevivamos além desse plano,

como gotas de orvalho sobre as flores

que irão permanecer.