HOMO CÉTICO
No espaço que apenas o desejo
do olhar decifra, a frágil
inércia de um significado
sem alma.
Gestos que afastam o
corpo de si mesmo.
Emanam hesitações poéticas,
estilhaços cogitados imunes a
contextos, temporalidade
sem morte, cor sem luz.
O que seria o ser sem
a verdade, e a verdade
sem o ser.
Apenas movimento exterior,
poente definitivo,
despedida formal,
beleza sem espectadores
legítimos.
Simples brevidade,
irreversível silêncio,
vitrine gélida de feições
previsíveis.
Somente o que se repete,
metáfora cinza,
afetividade em contratos.
O ser sem o facho
infinto, sem o pulso
perene que entrega
a sensibilidade ao que
é.
Não mais é que
a celebração do decompor
Habitante da pura dor
Água rebelde ao ciclo,
qualquer coisa exilada no nada