COMPLETE SEU CADASTRO (opt-out indisponível)

canto em homenagem ao que não tenho

tenho apreço mas finjo que desdenho

não miro, mas não sei ignorar

falta ao peito, logo falta à alma,

uma raiz (a âncora que acalma)

fincada em terra preta, fertilizada

se restos, se bosta viram estrume

por que não construir a partir dos ciúmes

um afeto duradouro nascido p'ra nada?

p'ra nada? ó inocência, o nada nada é

antes o medo, a injúria de perder a fé

que enredar a querer ao nada, a achar que pode sair da estrada

não se sabe ainda - e é irrelevante -

se é tudo isso bênção ou maledicência

mas todos os caminhos levam à tal existência

e existência é eternidade pois foi instante

- não falo do carvão que vira diamante,

cito a beleza que nos toca desse agora

e que como a todos, todos, antes tocou

- e tocará aos que virão, ainda que volte a ser prisão -

por ter em si um quê de liberdade -