Um cristal de araque
Num belo dia, por acaso, encontrei
aquele raro cristal, com que eu sonhava.
Quão brilho reluzente e cativante...!
Um presente venturoso a mim chegava.
Ofuscado, em delírio, encantei-me.
O grande sonho, finalmente, culminava.
À primeira vista, até mesmo parecia
com uma rara estrela d’além mar.
É...só que o destino foi cruel!
Tudo aquilo foi um mero vislumbrar.
Uma cálida noite ilusória, nada mais.
Quão desapontamento, ao despertar
Mas o tempo não apagou a afeição.
Por vinte anos, rastreei o tal brilhante.
Numa bela tarde, enfim, o reencontrei!
Esperança renasceu, no mesmo instante.
Nova vida, novo brilho, novo alento...
Resoluto, tudo pareceu recompensante.
Mas o brilho foi perdendo a intensidade...
E o gran cristal foi ficando embaciado.
Já se fora a transparência de outrora!
E, aos poucos, já se via até trincado.
Aquela pedra reluzente era de araque...
De postiço resplendor, irreal, falsificado.
Messias, 03.04.2022