Um cristal de araque

Num belo dia, por acaso, encontrei

aquele raro cristal, com que eu sonhava.

Quão brilho reluzente e cativante...!

Um presente venturoso a mim chegava.

Ofuscado, em delírio, encantei-me.

O grande sonho, finalmente, culminava.

À primeira vista, até mesmo parecia

com uma rara estrela d’além mar.

É...só que o destino foi cruel!

Tudo aquilo foi um mero vislumbrar.

Uma cálida noite ilusória, nada mais.

Quão desapontamento, ao despertar

Mas o tempo não apagou a afeição.

Por vinte anos, rastreei o tal brilhante.

Numa bela tarde, enfim, o reencontrei!

Esperança renasceu, no mesmo instante.

Nova vida, novo brilho, novo alento...

Resoluto, tudo pareceu recompensante.

Mas o brilho foi perdendo a intensidade...

E o gran cristal foi ficando embaciado.

Já se fora a transparência de outrora!

E, aos poucos, já se via até trincado.

Aquela pedra reluzente era de araque...

De postiço resplendor, irreal, falsificado.

Messias, 03.04.2022

Mano Messias
Enviado por Mano Messias em 19/04/2023
Código do texto: T7768034
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.