Como queira, o talento com amor perdido...
E olha aquele talento
Que dorme ao relento...
Já escreveu mil poesias,
E hoje é escravo do vento,
Vento frio que bate nas costas...
O peito arde, teimoso,
Contrariando o crescente frio.
O corpo inda guarda, zeloso,
A alma tão cheia de brio.
Mendigo sábio que mendiga por palavras...
Palavras apagadas pelos frios ventos da estrada,
A estrada da vida...
Mas infelizmente não podemos viver só de palavras
Palavras vão aos ventos...
Palavras somem nas calçadas
Calçadas úmidas por onde deitei...
Cada som que projetei perdeu-se, pois,
E tarde vi que não havia
Em sequer um deles a iguaria
Que meus sonhos prometiam pra depois
As línguas que as proclamam não comportam
Em sílabas o significado
Das palavras com que nesta noite adorno
Os cabelos deste ser tão acuado
É...O mundo ta pesado, filhos pobres do pecado...
Que saem do ardor para aliviar a dor,
E tiram o rancor que um dia nos deu valor,
Vendo toda vitória ser uma conquista do amor.
Bom, o distante diz tanto que te amo... Amo a vida que já morreu.
E assim, vide venerado o valor do teu ser,
“V” que escrevo vingança,
É o mesmo “V” que escrevo você...
E na profusão sonora da violência
Em que vejo rasgar-se a vil memória
Poderei então erguer-me sem clemência
E sorrir antevendo a vitória
Pois que o que já foi amor, já foi ausência,
E agora não é mais que triste história
E o desprezo há de comer, com paciência
As lembranças da afeição inglória...
Jogamos versos e temos sorte,
Pois nesta poesia não há lugar para a morte...
Livre e belo com qualquer esperança,
Espero a sorte não matar nenhuma criança.
Vamos trabalhar e o futuro desenhar,
Pode até ser com papel de pão...
Basta apenas ter arroz e feijão.
* Texto por Rodrigo Sampaio e Érika Chalhub