Amor de Espinhos

Quando me sinto deprimido

E penso que as coisas são sinistras

Fecho meus olhos e lembro

-Porque a lembrança é um refúgio

E procuro, no meio das minhas idéias

Os momentos em que senti medo

O medo da criança que vai se declarar

O medo da mãe que vê o filho sem saber quando ele vai voltar

O medo do filho que sai sem saber se vai voltar

Porque o medo é sempre superado

E as melhores lembranças são as de medo

Porque o medo nos faz crescer

Mas não os medos banais

Quando eu digo 'medo', digo o medo do pai da mãe do filho

Não o medo de barata da vizinha

É o medo de morrer,

É o medo de falar 'eu te amo'

Aliás, já viram essa frase: 'eu te amo'?

Ela é dita n vezes - não - n²

E quase nunca ela tem o sentido real

Porque o 'eu te amo' da mãe para seus filhos é real

Mas o 'eu te amo' de um namorado marido mulher

Nem sempre é verdadeiro

Porque se fosse, ninguém iria chorar

Por esse amor de espinhos

Gostei do verso de cima

Vai ser o título desse poema

Que era prá ter influência modernista de Vinícius Bandeira Drummond Cecília

Mas que não é nem poema

São só palavras jogadas no papel (que não é papel)

E não são nem bonitas

Mas têm tanto sentimento que até ficam 'bonitinhas,

encorpadas'

Quem sabe um dia não escrevo como Vinícius Bandeira Drummond Cecília

E fico conhecido pelos versos brancos e livres

Como esses que estou escrevendo?

Não bebi nada prá escrever tudo isso

A bebida é boa para rir chorar

Mas não para um poema

Poemas de bêbados são muito grudentosinhos (faltava um neologismo)

Ficam como os rótulos das garrafas

Que de desprendem quando passamos as mãos suadas

De tanto escrever

Como seria se tivesse um poema romântico

No meio desses versos brancos e livres

Como esses que estou escrevendo?

"Ela repousa com cabelos louros

Tocando seus ombros alvos e nus

Um Anjo passando sob o luar

Beija-lhe o rosto banhado de luz

Ela abre seus olhos azulados

Que feito espelho refletem a Lua

E se encontra entre todos os anjos

Que dizem: 'Entra, esta morada é tua'

E ela sorri e se junta a eles

Pois somente os Anjos se reconhecem

E sabem o que um olhar quer dizer

E no céu, repousando em suas redes

Com histórias que só eles conhecem

Divertem-se até o amanhecer"

Realmente, meus sentimentos mais profundos não tem métrica nem rima

São apenas versos brancos e livres

Como esses que estou escrevendo

Thiago Zanetti
Enviado por Thiago Zanetti em 01/12/2005
Código do texto: T79492
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