Janus
Tu, Janus, que guardas as portas
entra-me sem pedir licença
faz-me janeiro antigo e vindouro
toma-me com tuas pernas tortas
tua devassidão de prelo em ciência
teu falo torto a peso de ouro;
Tu, que veio-me antes dos deuses
depois do ocaso de outros amores
que falou-me segredos e reveses
e deu-me, entre as coxas, mais ardores;
Tu, que viestes com tantas à tuas costas
que te mostras um ateu de muitas fés
sabes que em mim há o que mais gostas
e que, de todas, só eu completo quem tu és.