Memória do Tempo
Eu sou mais do que se pode ver
Eu estou além do que se pode alcançar
Sou tal qual não se pode descrever
E Sei da verdade que não se pode forjar
Todo o caminho que percorrestes
Se encontra em mim registrado
E as leis a que (des)obedecestes
Estão a confabular ao meu lado
As tuas dúvidas e teus martírios
Tem raiz e machado em mim esquecidos
Eu sei das respostas de que tens medo
Das suas perguntas gemidas em segredo
Nas tuas veias corre o poder
Assim como a razão e a loucura
Eu sei como fazes para sobreviver
Nesta plenitude onde não tens cura
Eu sei do desencontro e dos meios
Eu sei da promessa e do descumprido
Eu sei o que gera e o que foi gerado
Do mundo, por ti, forjado e ferrado
Estes berros e risadas não são cantigas
Não são ouvidos por quem não as escreve
São conseqüências de realizações antigas
Que gravitam ao redor de quem as gere