Eu e a minha farsa

Não usei a minha face, por vergonha;

Aliás, ela se mantém guardada

Debaixo de mim. Sonhando,

Uma vez por semana, na sua sanha

(de ser algo.

Até parece o fim - do meu mundo

Quando Urizen se levantou;

Matou Caim e Abel. E logo mudou

Um quase absurdo, da gênesis; ele sepultou

Muito além, o bem e o mal e, ao lado,

Da razão, encontrei-me perdido.

Daí por diante, corri no meu encalço

Um dia por semana. Sem descanso...

Numa paranóia que insisti em perseguir

Quem eu sou. Por não ser - segui,

(não alcei.

Se sonho, vivo, quando vivo, sonho;

Sou, assim, filho das quimeras

Que eu mesmo inventei. Não me ponho,

Já não me possuo, eu, apenas, fora

O Monstro que alimentei...

Marcelo Luna
Enviado por Marcelo Luna em 14/03/2008
Código do texto: T900894