Segredantes Vozes

Voam ao Arno as segredantes vozes

Do amor universal que aos entes dá guarida

Corcéis de luz cujos ímpetos vivazes

São o vinho e o pão no missal da vida.

Ouve-as o poeta em transe inspirado

O amante encontrado... perdido em doudo afã

Raia sobre o mundo, esplendorosa manhã

Lava o erro e o cruel engano perpetrado.

Desde a Ode de Schiller ao olímpico brado

Anseia-te o ideal das seletas almas

Colher louros de amor e douradas palmas

Sobre o instante de revelações constelado.

Fere o mundo presente, é carcere, é degredo

É lamento atroz em meio a turbilhão de treva

O sarcasmo viça porque o egoísmo medra

E morre a flor no desamparo e no degrêdo.

Sucumbem os romantismos ao vozerio carnal

Tantos louvam a vantagem no intestino do mal

Oh, surge! Augusta aurora do sublime ideal

Irmana os lumes! Extasia-nos teu fanal!!!

Contudo segue a matéria, bruta, voraz galope

Sua necessidade é tremenda! Se alteia atroz!

É essa necessidade que eleva e abate

Que cala os djins e dá às pedras voz.