As Idéias

Volve à Pátria dos sagrados assomos

Oh! ardente ser como os espaços pleno

Ecoa as fulgentes esferas na luz, arrebatado

Enreda os mundos em amoroso canto

Que as tens perenes de harmonia urdidos

E em ternos alazões sensuais libertos

Augusta paz, os lumes da existência purifica,

Nestes ermos floridos de intimas lembranças

Onde apraz entre encantos colher as esperanças

Renovar os ternos júbilos em hinos comovidos

As bocas são rastros de oboés de opala

Cancionetantes safiras, pássaros de alvoradas,

Quando as horas se debruçam enamoradas

E o fresco hálito dos infinitos resvala

Temos de amor motivos envolventes

Assombros de paixão, aquarelas da existência

Onde as harpas do afeto colhem transcendência

E volúpias segredadas, deusas contundentes

Onde, quer entre fontes, riachos, rios caudalosos

Inebriados arrulhos das pombas do oceano

As asas do tempo são templos sagrados

O coração e a beleza divinais arcanos

Ouve, oh! espírito, o rumor dos sois enamorados

Resvalando nas cândidas ancas de acesas luas

Alteia um som consorte em beijos enlaçados

Bebe a compreensão, a paz o amor das flores nuas.

E esses equívocos valores errôneos e confusos

De que se defende a sociedade em vãos delírios

Sejam superados aos êxtases clarões profusos

No cardume das caricias e procissões de lírios

Nos difusos cânticos das arcas apaixonadas

Qual multidões de rolas libérrimas, e amadas

Razões sentimentais, que esvoaçais ao léu,

Que acendem os enamorados no camping do céu.

Mas para que o archote melhor brilhe, comovido

E nas balsas expandido e entretido entre ermos

Unge-te amante dos palácios dos sentidos

Abandonando os caprinos urros enfermos.

Ou antes, atira-te as profusas aventuras

Ao corrente cascatear das vagas sucessivas

Ao gosto do século pagão das sensitivas

Feroz êxtase, em delitos modelados

Na ânsia de viver em gozos numerosos

Vive a procura quem desconhece os portos sagrados

E quem em peregrinas harmonias não se esquece.

Oh! Canção! Aos altamados portais afeiçoada

Alimentada de monumentais celestialidades

As supremas paragens do céu como são frias

Se não gozais sofregamente ardentias,

E paixões humanas em redomas perfumadas.