A festa, a terra e a luta

Pensemos uma festa... Ótimo! Pensemos num local agradável, na decoração, nas fitas e flores, nos balões talvez. Pensemos na mesa farta, nos doces, nos salgadinhos, nas bebidas e nos aperitivos de toda cor e forma. Pensemos na música e nos seus ritmos, na dança do simpático casalzinho lá no canto. Pensemos as pessoas, pensemos os nossos amigos, os sorrisos, as brincadeiras das crianças, pensemos até mesmo no olhar tímido da moça para o moço da mesa ao lado. Pensemos, enfim, a alegria! A alegria de uma comemoração. A alegria da convivência. A alegria da vitória. A intangível alegria de viver!

Podemos pensar em uma alegria maior ainda, quando percebermos que antes da festa alguém havia pensado em outras coisas humanas. Um generoso sorriso surge quando compreendemos que alguém havia pensado a terra e a luta. A terra que afagada oferece o pão e o vinho. A terra que nos nutre pelos pés. A terra que nos dá raiz. Nos dá pátria e moradia. A terra que nos dignifica e frutifica-nos de humanidade. Mas não devemos esquecer da luta. A luta por tudo isso. A luta de nossos antepassados e de nossos contemporâneos. A luta contra os imperadores duma terra escura e fechada com ódio e arame farpado.

Por fim, é somente após tanto pensamento pensado que podemos então sair nestes dias cheios de vulcões. Sair para a multidão, sair para a vida. Vivenciar uma festa da luta, uma festa da terra.

Márcio Jarek
Enviado por Márcio Jarek em 31/10/2005
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