Moço

Moço,

Faz sete ano que num vejo minha terra,

Faz sete mês que nun chove por lá,

Nun trabaio à sete dia, e faz sete hora,

Que acabo de chegá...

Nesse troço de lugá,

Até parece que arrente nunca é gente,

Diz prá vosmicê sentá, depois prá mode esperá,

Nun se sabe proquê, mas pobre sofre prá daná...

Mas se chove no sertão,

É festa prá nóis peão,

Nóis espera prá mode a chuva chegá,

E ninguém paga pelo que ela dá...

Aqui arrente prá ri tem que pagá,

Prá cumê, tem que mendigá,

Prá vivê tem que suá,

Prá pedi, tem que se humilhá...

Povo cansado de sofrê,

Nóis que vêm prá trabaiá,

Cidade grande é buraco fundo,

Depois que arrente cai,

Difíci se alevantar...