Vamos falar dela?

Um era órfão, o outro estava em busca de trabalho.

Estavam caminhando numa estrada. Caminhada longa que os submeteu a muitos sóis a pino e os levou a muitas fontes cristalinas.

A estrada era seca, amarelada, como solo do sertão.

A estrada tinha muitas curvas e buracos, pouca vegetação a cercava. Muitas rochas.

Passaram dias de agonia, expectativas e tristezas caminhando naquela estrada.

Inúmeras perguntas rodeavam suas cabeças “o que será?”, “como será?”.

O final daquela estrada era um mistério. Não sabiam se iam encontrar o que tanto procuravam: família e emprego.

Conversaram, descobriram um no outro vidas diferentes, pensamentos diferentes e pontos em comum.

Criaram um vínculo de amizade, fizeram confissões e guardaram segredos.

O órfão não agüentou, em certo momento, a longa caminhada. Sentou e ameaçou não prosseguir. O outro não deixou seu amigo desistir e ofereceu ajuda.

Ele (o órfão) levantou e continuou.

Caminharam, caminharam, Sol, caminharam...

Riram, choraram, temeram, caminharam, caminharam...

Noite. Dia. Noite. Dia. Caminharam...caminha..

...Fim. A estrada se dividiu em duas.

Ambos se olharam sem entender. A estrada havia reservado caminhos diferentes para eles.

Passaram dias caminhando, sofreram cansaço e fome. Sabiam que no final seriam recompensados. Mas, que final?

A estrada se dividiu em duas, não podiam ver onde terminava, onde ia dar. Num mesmo momento um seguiu para a esquerda e o outro pela direita.

Pararam.

Deram-se conta que almejavam caminhos diferentes.

Chegou o momento, é hora de se separar.

O fim. Chegou o fim.

Aceitaram a escolha da estrada que os conduzia.

Desejaram-se sorte, agradeceram um ao outro pela convivência e amizade.

Esperançosos, temerosos.

Prosseguiram sem olhar pra trás.

Quem é "ela" pra você?

Helena de Castro
Enviado por Helena de Castro em 23/06/2008
Reeditado em 29/06/2008
Código do texto: T1046918
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