Velha Estrada

Adormeço para o mundo

ao qual não pertenço

Parto por entre as brumas

de velha estrada

buscando o meu chão

a minha gente

gente que ama

gente que aninha e protege

o maior de todos os tesouros:

a Capacidade de Amar

adormecendo desperto

desperto da ilusão

dos que brincam de amar

e trazem o veneno em seu beijo

beijo que fala de amor

enquanto o abraço

não abraça o outro

apenas a si mesmo

onde belas palavras

são apenas efeitos

para um show particular

onde o outro não passa

de descartável personagem

personagem que existe apenas

para servir e como personagem

nada deve sentir, apenas disponível

para uso e entretenimento

sorrindo diante de refletores

até as cortinas baixarem

e o diretor partir para outro show

show de horrores

onde a bela maquiagem do ego

disfarça a monstruosidade

dos que não tem coração

adormeço para o mundo

ao qual não pertenço

e completamente desperta

na estrada outra

prossigo com a certeza

que em alguma curva

encontrarei o meu arco-iris

este minha estrada

de retorno para casa

minha gente, gente de verdade

gente que ama com toda alma