OUÇO O VENTO DIZER: VEM!

Evaldo da Veiga


Ouço o vento dizer: segue, se é o amor que buscas
E  eu,  que  ando atrás de uma Santa e eterna vida,
ao  lado de  uma  mulher nada  Santa  e  nem pura,
sigo   o   vento,  melhor  do  que não ter programa,

Ah, se a rua dela fosse a minha, quanto espera eu teria...
Ficar aguardando um momento que  nem  sei  se viria,
esperando sempre,  na mais otimista solidão,  eu diria:
Vem,  nem que  seja  somente  agora,  uma  única  vez

A  força  da  esperança  é o   meu  sustento,  VEM
Agradeço sempre essa esperança  improvável,  ilógica,
sustentada na leveza sem matéria, em meu abstrato ser...
Vem... sussurro, e o vento encarrega-se de levar o dizer.

Em ti,  tenho alimento,  mesmo na  longa  distância.  VEM!
Pão  para  minha  alma  em  corpo  que  me leva distante,
ao gozo morno  itinerante, sem endereço, só destino.
Não  tenho forças  para te  perder,  perdão por  ti  querer...
Perder o que nunca tive, mas tive esperança de ter.

Agradeço a  alegria que não tive, talvez não tenha, jamais terei...
Agradeço  ao amor  que   você  nunca deu,  que eu quero,
na ilusória esperança que amor acontece, mesmo depois...
Basta  eu e você querer, esquecendo  o antes e o depois,

VIVENDO O AGORA, VEM!


Imagem: Tela do MONET, Claude Oscar

evaldodaveiga@yahoo.com.br