O Jardim Imperial (parte III : Doce Primavera)
III
Doce primavera foi aquela, em que tudo estava em seu lugar
Os dias tinham mais vida e até o sol parecia, melhor, brilhar.
Mas passaram-se os meses e com eles o verão,
E aqui estou eu agora num misto de inverno e de outono,
Pois os dias são frios e sós,
Enquanto que as folhas e as flores que ao meu jardim enfeitavam,
Caíram, murcharam ou, simplesmente, foram embora.
Das cores de outrora restou-me apenas o cinza
Que reflete tons metálicos, mecânicos e sem vida.
Aonde foram todos, aonde foi você?!
Será que tudo que eu posso perder vai realmente me abandonar..?!
Apenas a solidão me faz companhia,
Por que até mesmo o tempo não se cansa de ir embora,
Sempre se afastando, rindo de mim
Com seu maldito ''tic-tac'' incessante.
Mas esse sou apenas eu, sozinho,
Pois bate em mim sempre aquela mesma melancolia,
A tristeza de ter a plena consciência da total inutilidade de tudo que se faz, pois,
Por mais que se mate o tempo é ele quem nos enterra.
(continua)