Deixe em paz meu coração

" Já lhe dei meu corpo

Minha alegria

Já estanquei meu sangue

Quando fervia

Olha a voz que me resta

Olha a veia que salta

Olha a gota que falta

Pro desfecho da festa..."

(Chico Buarque)

Meu amor não era posse. Era essência de caos e não há forças que dominem o caos. Nem que force. Meu amor não traía. Só doía. Eu o deixei livre como os rios que singram pela terra mudando leitos, mudando cursos e a fonte era tão cheia... Estava na veia. Meu amor transbordou e arrebentou barreiras, acreditou. Só não encontrou a quem prestar contas. Perdeu as pontas. Abriu janelas e portas, deixou luz de sol e lua entrarem. Se fartarem. Linhas tortas. Furou o teto para desenhar estrelas no chão. Era todo festa e tesão. Meu amor era tão bobinho. Usava roupa de linho, ficou todo amassado. Meu amor deixou o vento entrar e balançar cortina. Foi arrebentado. Depois quebrou a luz como o poste da esquina. Ele amava um poeta. Deu cor de asinha de borboleta, fez tanto carinho...

Ah, o meu amor... o meu amor amou sozinho.

Simultâneo:

http://versosprofanos.blogspot.com/

http://www.recantodasletras.com.br/