O REENCONTRO

De olhos cerrados eu percebo no silêncio, os ruídos internos dos meus pensamentos.

É perceptível, bem audível também o som da minha respiração que navega sem pressa.

O pulsar do meu coração tem um ritmo inconstante, ousado, audacioso.

Às vezes é lento, às vezes acelerado como se sufocasse uma ânsia ou um lamento.

Mergulho no meu íntimo. Procuro o meu Eu.

O encontro adormecido.

Vou tentando desperta-lo, o toco de leve, cantarolo uma melodia, faço um carinho... Não há respostas... Desespero-me.

Sacolejo, grito, sopro forte, ordeno... Ele não reage, está submergido.

Meu subconsciente mergulha calmamente e vai resgatá-lo.

O traz a ‘superfície’, tenta reanimá-lo usando todos os artifícios.

Canta aquela canção de ninar... Mas, não há respostas, usa então outro estímulo. Começa a recitar aquela poesia infantil decorada aos sete anos de idade.

“ Era um ovinho dourado

Que um dia foi enterrado

Sua casquinha rompeu

Mas não pensem que ele morreu ”...

Aos poucos, lenta [mente] vai re [tomando] a sua consciência passa a limpo o passado, filtra o que de fato será aproveitado.

Anima-se, se aninha e continua a declamar.

...” Só que em vez de um pintainho

Surgiu um broto verdinho...

Que em planta se transformou ...”

Agora o meu EU se encontrou...

Ele está sorrindo.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 16/09/2008
Código do texto: T1181518
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