"...não se afobe não, que nada é prá já, o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio..."
Chico Buarque


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Santuário


Fugir talvez fosse uma solução.
Um caminho a se consumir... a lhe consumir... sumir no ar sem nenhuma explicação...
A porta aberta seria a chave prá que entrassem na casa procurando por ela... e ela por onde andaria?
Sua casa vasculhada pelos escafandristas explorando seu quarto,
suas coisas,
sua alma,
desvãos...

A cidade, então submersa, era o mundo que havia escapado de suas mãos. O amor sem pressa mergulhado no silêncio,
num fundo de armário,
na posta-restante,
poemas,
mentiras,
retratos...
O amor sem pressa guardando o seu santuário.
Um dia quem sabe, de volta a essa estranha civilização, ela então amaria esse amor amável, sem nenhuma afobação. Mas um desejo maior que a razão abduzira seu corpo e a fizera cair em tentação, ela caía do mundo e o mundo caía das suas mãos. Uma força contínua a levava de encontro à saída, atraída pelo universo de uma ilusão que corava sua face enquanto o sangue lhe fugia, seu tecido branco cortado em tiras, atirados no espaço refletindo as cores do seu arco-íris, a sorte ao léu, os braços abertos, o equilíbrio num puro sacrifício...
de encontro ao sol
de encontro ao sol
de encontro ao sol...