Eu queria...

Eu queria mesmo é que chovesse.

Que chovesse agora mesmo, e aqui.

Que a água divina caísse e me molhasse,

Lavando todo o meu corpo e minha alma

De toda e qualquer angústia e tristeza pesada.

Que as mágoas fossem escorrendo, naturalmente

Para o fundo da terra.

E que só tocassem as ervas daninhas, e que mágoas e pragas travassem luta entre si.

E que morressem por si mesmas,

A fim de não atrapalharem as virtudes,

Que florescem regadas por bênçãos e pelas lágrimas escorridas do perdão sincero, o mais belo fruto para mim, agora.

O fruto simples da sabedoria que eu não tenho e que gostaria de contemplar no espelho.

Mas como contemplar algo tão sublime e puro no espelho, se eu não reconheço nem os meus defeitos e desgastes fisicos?

Tento cultivar em mim a verde esperança que me trará o tal fruto sincero.

Mas o que consigo é regar minha face de um líquido salgado, ácido e amargo, que me corrói também por dentro,

Trazendo à tona todo o arrependimento guardado nos cofres do meu coração.

Não sei se o segredo desses tais cofres foi por mim descoberto ou para mim revelado.

Só sei que, talvez por consolo, talvez por merecimento, ouço uma voz lá fora,

(Ou será que daqui de dentro?)

Anunciando a chuva.

Límpida e fresca.

Janicris Rezende Januzzi
Enviado por Janicris Rezende Januzzi em 10/10/2008
Reeditado em 27/05/2009
Código do texto: T1222260
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