OLHOS
Teus olhos são móveis cobertos pra não empoeirar.
Eu olho teus olhos com meus olhos e o que enxergo é fantasia minha.
Já há muito tempo que varri certas coisas pra baixo do tapete e agora, ao sacudí-lo, a poeira tem me feito tossir.
Conheci vários corpos dismorfes e a integridade do meu têm sido ameaçada pela tua língua.
Se eu enrolá-la na minha, calaremos ambos.
O que faço é contemplar, marionete das minhas sensações; e espero.
Um dia te conto que chorei de saudade do que nunca tive.
Fiz do resto de meus dias, apêndices dos dias de te ver.
E tantas vezes te olhei, com meus olhos para os teus,
E não te vi.