Mais uma vez!


Mais uma vez de volta a ocasião, 
inteira e sábia, desiludida ou não, 
com toda a certeza das traças 
e falhas do meu coração.
Mais uma vez de malas prontas, 
sem o vestido colado, 
sem a esperança de antes, inteira... 
irremediavelmente só, 
como um monge, uma pedra, 
um farol com sua luz própria, 
mas inatingível e distante e só como antes.
Mais uma vez percebendo que o pão e a verdade, 
nada tem a ver com sentimento. 
Escolho a minha atitude, 
entre todas que eu conheço. 
Me transformo no que posso, 
pra ver o dia nascer de novo.
Pouco me importa a covardia 
de quem não soube me amar, 
vou marcar minha presença na distancia 
a ferro, a fogo, a chibata. 
Vou fazer do meu poema, 
muito mais do que uma marca. 
Quero escrever sobre a vida, 
porque a morte é coisa certa.
Nada tenho a perder, 
porque atravessei a heresia 
e se hoje não sonho, 
é porque cortaram as asas da minha alegria.
Pela última vez,  
acordo espantada com o destino. 
Agora sei o que posso e não me iludo com delírios.
Não tenho mais a tola ilusão de ser feliz 
e nada que me entreguem, 
vou acreditar que seja de graça.
Carrego em minhas veias o fel, a impossibilidade, 
a controvérsia de ter seguido em frente, 
sem questionar a hora certa.

Angela Lara
Enviado por Angela Lara em 21/03/2006
Reeditado em 18/02/2009
Código do texto: T126198
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