Apocalípse (T45)

Após o clarão incandescente

que ao longe acabou de aparecer

lamúrias e prantos desabaram sobre a terra.

Fomos encobertos pela penumbra da destruição,

sofrendo as consequências em razão das cabeças pensantes,

que não pensam nem em si mesmas,

mas querem levar a vida de um planeta

que nem deles é, que é de todos

e ao mesmo tempo não é de ninguém.

As colinas verdejantes que queimavam ao sol

agora não passam de montes sem vegetação,

vegetação perdida nos ventos da destruição.

Tudo é treva nesse momento,

o esqueleto das edificações,

obras primas de nossa civilização, agora às vistas.

O silêncio invade o território esférico

de uma civilização sem vida num mundo de trevas,

onde nem as almas se atrevem a se aproximar.

Os campos não são campos, são desertos devastadores,

e os desertos não são nada e o nada é o vazio

de um mundo em ruínas, destruído pela ambição

e o que é pior no simples apertar de um botão.

Alexandre Brussolo (23/01/1992)