POÉTICA I (À moda de Vinícius de Morais)
Amanheço...abro os olhos mas é tudo escuro. Adormeço. O relógio marca duas da tarde, quando animo a levantar. Lembro da noite. O gosto da bebida amarga na minha boca, o cheiro de corpos se entrelaçando, tudo me faz girar a cabeça. E inteiro ardo com a lembrança.
Abro a janela e a morte me acena, mas não me assusto. Viro-lhe as costas e, para fugir do destino, ando na contramão. Quero viver por inteiro, amar por inteiro, sofrer por inteiro, morrer de paixão.
Outros que vivam aprisionados à medida, sempre certos, politicamente corretos, que morram aos poucos. Eu não! Eu morro ontem, mas morro feliz!
Morro e renasço na manhã impregnada de juventude, nasço onde há espaço, possibilidade de ser feliz. Meu tempo é quando.